O preço a pagar é demasiadamente elevado para quem
desafia algum setor de elite. Edward Snowden hoje é persona non grata para os
Estados Unidos. Qual será o seu destino? As pessoas estão se despertando e aos
poucos muitas verdades serão ditas, trazendo ao mundo novas perspectivas.
Artur Vieira
Um prestador de serviços da NSA (Agência de Segurança
Nacional) dos Estados Unidos responsável por revelar um programa secreto de
vigilância governamental sumiu de vista nesta segunda-feira (10) em Hong Kong,
antecipando-se a um provável pedido de extradição.
Edward Snowden, 29, que revelou as atividades de
monitoramento da NSA sobre milhões de usuários de telefones e internet,
incluindo dos sites Google e Facebook, nos Estados Unidos, deixou seu hotel em
Hong Kong horas depois de aparecer em um vídeo divulgado no domingo (9).
Em Washington, vários parlamentares defenderam que o
ex-funcionário da Agência Central de Inteligência (CIA) seja extraditado e
processado como responsável por um dos mais significativos vazamentos de
segurança na história norte-americana. O Departamento de Justiça disse estar na
etapa inicial de uma investigação criminal sobre o caso.
Os programas de vigilância foram inicialmente revelados
pelos jornais The Washington Post e The Guardian, e posteriormente Snowden
pediu para ser identificado como responsável pelas informações. Ele disse que
as divulgou por acreditar que os EUA construíram uma vasta máquina secreta de
espionagem para bisbilhotar os próprios norte-americanos.
Ex-assistente técnico da CIA, Snowden trabalhou na NSA
como funcionário de uma empresa prestadora de serviços, a Booz Allen Hamilton.
Ele disse que se desencantou com o presidente do país, Barack Obama, já que seu
governo deu continuidade às políticas de vigilância excessivamente intrusivas
de seu antecessor George W. Bush.
"Não quero viver em uma sociedade que faz esse tipo
de coisa..., não quero viver em um mundo onde tudo o que faço e digo fica
gravado. Isso não é algo que eu esteja disposto a suportar ou viver sob
isso", disse Snowden ao The Guardian, que publicou em seu site uma
entrevista em vídeo com ele, datada de 6 de junho.
Snowden, que segundo o Guardian passou quatro anos como
prestador de serviços no NSA, copiou documentos secretos no escritório da
agência no Havaí, há três semanas, e então disse ao seu supervisor que
precisava de algumas semanas de folga para se tratar de uma epilepsia. Em 20 de
maio, ele viajou para Hong Kong.
Funcionários de um hotel de luxo onde ele se hospedou
disseram à Reuters que Snowden saiu de lá por volta de 12h de segunda-feira
(hora local). Ewen MacAskill, jornalista do The Guardian, disse que Snowden
continua em Hong Kong.
"Ele não tinha um plano. Ele pensou detalhadamente
em vazar os documentos, e aí decidiu que, em vez de ficar anônimo, iria a
público. Então ele pensou nisso detalhadamente, mas seus planos para depois
sempre foram vagos", disse MacAskill.
O jornalista acrescentou que o denunciante provavelmente
tentará pedir asilo em algum país, "mas não tenho certeza de se isso será
possível ou não".
"Imagino que haverá uma verdadeira batalha entre
Washington, Pequim e grupos dos direitos civis a respeito do seu futuro",
afirmou.
Os Estados Unidos e Hong Kong têm um tratado de
extradição em vigor desde 1998. (Reportagem adicional de James Pomfret, David
Ingram, Mark Hosenball e Susan Heavey)
John Whitesides
Em Washington
Em Washington
REUTERS
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